Há historias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas : Histórias de crianças e adolescentes abrigados.

Nome: JULIANA GOMES DE FIGUEIRÊDO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 25/10/2012

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ELIZABETH MARIA ANDRADE ARAGÃO Orientador
GILEAD MARCHEZI TAVARES Examinador Interno
LILIAN ROSE MARGOTTO Coorientador

Resumo: O presente trabalho se propõe a estudar as histórias de vida de crianças e adolescentes acolhidas em duas casas de acolhimento no município de Vitória-ES. Visualizamos a situação de acolhimento pelo ponto de vista dos sujeitos acolhidos priorizando suas percepções sobre a própria condição de acolhimento, assim como de suas relações familiares e suas expectativas de futuro. Para auxiliar nossa pesquisa, resgatamos a história do abandono no Brasil desde a colonização até a atualidade, atravessada pela doutrina do higienismo e também pelo aparato médico-jurídico enquanto ferramenta de tutela de uma população específica. Percorremos ainda a história da legislação infanto-juvenil brasileira, desde a criação do primeiro Código de Menores até a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Utilizamos a história oral como ferramenta metodológica para conhecer histórias de vida de crianças e adolescentes acolhidos a partir de seus relatos. Foram realizadas entrevistas nas quais buscamos ressaltar as questões mais relevantes percebidas nos encontros com crianças e adolescentes acolhidos. A partir dos encontros depreendemos que práticas hegemônicas produzem subjetividades, construídas na lógica do capitalismo neoliberal, que culpabilizam e responsabilizam famílias consideradas incapazes de criar seus filhos, dentro de um modelo burguês instituído. Em geral, essas famílias consideradas incapazes são famílias pobres, classificadas como negligentes e descuidadas com seus filhos, o que pode ocasionar o acolhimento. Percebemos que discursos e práticas construídas nas casas de acolhimento, por vezes, aprisionam a criança e o adolescente acolhidos em construções subjetivas que os rotulam, estigmatizam e os caracterizam como inseguros, o que justificaria a sua necessidade de tutela. Porém, também pudemos perceber, a partir dos relatos de crianças e adolescentes acolhidos, que apesar da fragilização dos seus vínculos familiares anteriores, o acolhimento não impediu a formação de outras redes afetivas e a resignificação de família, escola e até mesmo o próprio futuro, criando outros modos de subjetivação. Dessa forma, inferimos que o abrigo é atravessado por inúmeras forças, e que apesar da construção de subjetividades que despotencializam/vitimizam as crianças e adolescentes acolhidos, há sempre espaços para invenção de outras formas de ser e de estar acolhido, formas que singularizam o sujeito.

Palavras-chave: Crianças e Adolescentes. Estatuto da Criança e do Adolescente. Casas de acolhimento. Acolhimento.

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