Tramas e urdiduras: análise da atividade docente de professores em escolas da Grande Vitória

Resumo: A pesquisa objetiva contribuir com a formulação teórica e metodológica no campo das articulações saúde e trabalho no âmbito escolar, tendo como eixo de análise as políticas educacionais em curso no chão da escola. O conceito de saúde assumido situa-se na perspectiva, segundo a qual, saúde é assunto que diz respeito a todos, capazes que somos de falar sobre o que se passa em nós, e implica luta contra o que enfraquece e adoece. Tem como eixo norteador a experiência dos trabalhadores de escolas acerca de tais relações. Visa a colocar em análise os diferentes modos como os docentes empreendem sua atividade laboral e suas relações com a produção de saúde/doença. Nessa linha de análise, busca mapear o quadro de adoecimento em escolas da Grande Vitória/ES, dar visibilidade às histórias produzidas no cotidiano escolar pelos professores, analisar a relação reconhecimento/saúde/trabalho sob o ponto de vista da atividade, cartografar os processos de produção de táticas docentes, discutir e analisar os modos de funcionamento escolar e os processos de produção de saúde e construir, coletivamente, uma política de saúde para os docentes da Grande Vitória/ES, por meio da instituição de COSATs nos locais de trabalho. Vislumbra o desenvolvimento de estudos e análises participativas do processo de trabalho nas unidades escolares envolvidas, formando um grupo ampliado de pesquisa em cada uma, como embrião das COSATs. Os recursos metodológicos adotados baseiam-se nos conceitos e princípios preconizados na Ergologia e na Clínica da Atividade, formuladas na França. Partindo desse quadro conceitual, o caminho – o método – é o resultado de uma construção conjunta com aqueles que demandam uma transformação nas escolas. Tal direção metodológica se efetiva na medida em que os profissionais se engajam nas atividades de análise de sua situação no ambiente laboral para que se libertem, o mais possível, de seus modos habituais de pensar, falar e efetivar suas atividades. O projeto se estrutura em três platôs ou dimensões de análise que se efetivarão concomitantemente de forma articulada. No primeiro, a população será constituída pelos professores do ensino fundamental, selecionados a partir de uma amostragem estatística aleatória nas escolas de municípios da Grande Vitória/ES, com base nos dados fornecidos pela Secretarias Municipais de Educação referente ao quantitativo de professores da rede de ensino, tanto efetivos como contratados. O platô B coloca em análise as relações entre produção de saúde e doença e as formas de gestão escolar, problematizando as políticas educacionais da SEDU e seus desdobramentos no chão da escola. O platô C seguirá as pistas propostas pela metodologia da Autoconfrontação Cruzada formulada, primeiramente, pela Clinica da Atividade perspectivando transformar o trabalho docente para conhecê-lo. A escolha dos estabelecimentos educacionais se efetivará a partir do interesse da comunidade escolar pela pesquisa. Acredita-se que a análise dos processos de trabalho pode enriquecer os sentidos da atividade docente, não a reduzindo a mero produto do intercâmbio conjuntural-social entre sujeitos. A autoconfrontação não visa a uma simples restituição de experiência adquirida, mas produz a experiência. A análise do trabalho confere, assim, um valor à experiência docente e recusa a dicotomia entre posição cognitivista e subjetivista na análise da atividade: o caminho que persegue é o do intercâmbio intersubjetivo de forma a mobilizar a atividade que inscreve os traços dessa mudança numa história pessoal e no gênero profissional docente.

Data de início: 31/08/2012
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS
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