EDUCADORAS NEGRAS FALANDO SOBRE SILÊNCIOS:
VEREDAS E ENCRUZILHADAS

Nome: MURIEL RODRIGUES FALCÃO

Data de publicação: 25/08/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CÂNDIDA ANDRADE DE MORAES Examinador Externo
JACYARA SILVA DE PAIVA Presidente
LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA Examinador Interno

Resumo: Historicamente, mulheres negras vêm desempenhando importante papel político nas frentes de
luta pela sobrevivência da população negra brasileira, atuando na resistência cultural e
exercendo a liderança familiar, sendo responsáveis pelo sustento, educação e cuidado com seus
filhos. No campo da educação social, sobretudo em iniciativas que visam o atendimento a
crianças e adolescentes, também há uma atuação expressiva de mulheres negras. Em
contrapartida, é também perceptível a escassez de espaços de fala que oportunizem sua
participação no âmbito da formulação e do aprimoramento das políticas públicas referentes a
esse campo. Do mesmo modo, também há escassez de produção e difusão de conhecimento
científico que trate sobre a inserção e contribuição dessas mulheres na educação social. Diante
deste contexto, surge a questão que orienta esta pesquisa: o que as vivências individuais de
educadoras sociais negras dizem sobre a experiência coletiva do que é ser educadora social
negra? Com o objetivo de ouvir e escreviver suas histórias e trajetórias tendo a arte como
linguagem, o estudo apostou na Escrevivência como metodologia para compor as diversas
histórias destas mulheres que atuam em territórios marcados pelas desigualdades
socioeconômicas, mas também dotados de potencialidades. A partir destes encontros e diálogo
com a arte, o estudo provocou a ruptura de silêncios, possibilitou troca de saberes, contribuindo
para que suas narrativas alcançem outros espaços, para além do campo das suas experiências
individuais. O estudo também evidenciou a presença de mulheres negras como protagonistas
na educação social e também na arte, de modo a contribuir para o enfrentamento aos processos
de apagamento epistemológico, tornando possível a apreciação dos atravessamentos implicados
em suas histórias. Nas frestas dos silêncios, os encontros com as educadoras se constituíram
espaços pedagógicos, dialógicos, participativos e criativos. As suas narrativas foram
escrevividas e discutidas a partir dos conceitos identificados nestes espaços. Neles, foram
encontradas vivências impregnadas de saberes compatíveis com ideias já teorizadas pela
intelectualidade, que educadoras forjadas pela prática por vezes desconhecem. Foram
encontradas dores ocasionadas pelas violências do racismo e do sexismo. Também foram
encontradas experiências que nos dão indícios de práticas ancestrais afrodiaspóricas que não
foram completamente esquecidas, apagadas. E sobretudo, foi encontrada uma vontade imensa
de falar, de contar suas histórias, de falar do CaJun e de falar sobre o ser educadora negra sobre
a sua própria perspectiva. Assim, a realização desta pesquisa, estimula a preservação da
memória sobre o ser educadora negra, possibilitando a compreensão das contribuições destas
educadoras para a formulação do CaJun - de projeto social à política pública de assistência
social, bem como compreender um pouco mais sobre educação social no Brasil, por meio de
uma perspectiva orientada pela centralidade de gênero e de raça.

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