A MORTE VIOLENTA - Investigações teórico-clínicas de orientação lacaniana
Resumo: A presente pesquisa tem o objetivo de elucidar os modos pelos quais a morte violenta se inscreve na relação do sujeito com o laço social, a partir de leituras teórico-clínicas que contemplem as dimensões Real, Simbólica e Imaginária explicitadas em diferentes tipos de narrativa, tais como narrativas literárias, cinematográficas e memorialísticas. Trata-se de uma etapa sequencial à elaboração teórica empreendida em uma pesquisa anterior que buscou extrair do referencial teórico de Jacques Lacan uma perspectiva de leitura dos diferentes modos de apresentação da morte violenta (Bispo, 2015), considerando especialmente o contexto da violência urbana no Brasil. Nossa tese inicial é a de que a forma como Lacan articula as diferentes instâncias do Simbólico, do Imaginário e do Real pode trazer uma contribuição fundamental para compreendermos como a morte violenta se inscreve na relação do sujeito com o laço social. Nesse sentido, buscaremos abordar distintas formas de amarrações subjetivas em torno da morte violenta, articulada com as investigações e produções realizadas pela Rede Franco Latino-Americana de Criminologia e Psicanálise, coordenada na França pelo Prof. François Raymond Sauvagnat (Université de Rennes II), na Colômbia pelo Prof. Mario Elkin Ramirez Ortiz (Universidad de Antioquia) e no Brasil pela Prof. Andréa Máris Campos Guerra (Universidade Federal de Minas Gerais). Abordaremos as narrativas buscando circunscrever as relações entre três diferentes modos de apresentação da morte violenta: a) um modo imaginário, que foca aspectos intersubjetivos, como a rivalidade e o reconhecimento; b) um modo simbólico, que contempla as determinações discursivas, como a interdição e a própria violência da lei; e c) um modo real, que foca aquilo que escapa às significações imaginárias e ao ordenamento propiciado pela linguagem. Valemo-nos de interlocuções com autores que trazem elementos para a arquitetura de uma abordagem lacaniana da morte violenta, tais como Hegel e Kojève na relação entre morte e reconhecimento; Foucault e Benjamin na demarcação das determinações simbólicas; Badiou, Zizek e o próprio Benjamin novamente para circunscrever os pontos de real. A elucidação pela psicanálise dessas formas de amarração possibilita uma subversão do discurso social sobre a criminalidade e sobre o criminoso. Ao apontarmos a violência sistêmica que ex-siste à violência visível no cotidiano dos jovens envolvidos com o tráfico, temos uma chance de fazer vacilar a lógica que penaliza e mata os jovens da periferia, perpetuando o ciclo da violência. Além de contribuir com uma perspectiva de leitura da problemática, pretendemos também contribuir para a consolidação de um grupo de pesquisa em Psicanálise e laço social na UFES e de uma rede internacional de pesquisa que articula psicanálise e criminologia, abrindo para os discentes e profissionais do Estado do Espírito Santo novas oportunidades de formação acadêmica e profissional a partir do intercâmbio com outras universidades e pesquisadores da América Latina e da França.
Data de início: 29/09/2017
Prazo (meses): 24
Participantes:
Papel | Nome |
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Aluno Doutorado | JAQUELINE OLIVEIRA BAGALHO |
Colaborador | ANALLÚ GUIMARÃES FIRME LORENZON |
Coordenador | FABIO SANTOS BISPO |